Por um instante, Max achou que conseguira causar no homem a impressão desejada. Subitamente, porém, as feições do frade assumiram um ar de extrema ironia, os olhos brilhando do modo zombeteiro. Enfim, não se conteve e gargalhou ruidosamente.
- Essa foi a maior besteira que ouvi nos últimos anos! E olha que sou o tipo de homem que se encontra o tempo todo cercado por tolos! – disse, engasgado em meio ao riso.
Max se tranqüilizou um pouco. Não era a reação desejada, mas nem de longe ela era tão ofensiva.
- Pare com isso, Frei Johann. Não percamos mais tempo. Foi uma pessoa que você conhece bem quem me mandou aqui. – atalhou Max, incisivo.
- E quem seria, meu jovem? Não me lembro de nenhum conspiracionista entre meus velhos amigos.
- Minha mãe. Minerva.
Os olhos do homem se avivaram por um instante, tal como chamas no inverno. Ele parecia perscrutar, com intensa nostalgia, a paisagem de janelas passadas. Após um curto devaneio, deu por si e encarou o jovem, com um suspiro.
- Achei que ela não estava mais entre nós.
- Pois está sim. E está reunindo seus velhos companheiros para seguirem nessa empreitada.
- Entendo. Resolveram aguardar para quando o Papa estivesse enfermo. Mas venha, buscarei meu casaco e conversaremos em outro lugar, na companhia de um bom vinho.
- Mas os ouvidos de Deus não alcançam todos os sussurros? – disse Max, esboçando um leve sorriso.
- De fato. Mas o que me afronta são os ouvidos dos homens desse lugar. – disse o frade, já de costas e rumando para seus aposentos.
Instantes depois ele retornou e os dois homens saíram. Foram serpenteando pelas ruelas estreitas e apinhadas de Paris, disputando cada milímetro de chão com os passantes. Ambos caminhavam em silêncio, o ar grave contrastando com a euforia de enfim executar o plano há tanto tempo engendrado.
Entraram numa velha espelunca, repleta de toda sorte de homens, além de mulheres sem sorte. O lugar emanava um forte cheiro de poeira e o chão era bastante grudento, herança talvez de bebedeiras passadas. Johann pediu dois copos de vinho e se sentaram sobre caixas de madeira em um canto mais vazio do lugar. Como ambos vestiam pouco mais que andrajos, não foi o porte de altivo de cada um que atraiu alguma atenção.
- Antes de qualquer coisa, - disse o frade – você sabe bem onde está se metendo? Tem idéia do que é tentar entrar no Vaticano?
- É claro que sei! – respondeu Max, com palpável determinação. – Não me arriscaria procurando sua ajuda dessa maneira se não soubesse bem onde estou me metendo!
- Pois bem! Deus é testemunha de que você está aqui por sua própria vontade! Deus oferece aos homens sempre dois caminhos...
- E eu já escolhi o meu! – cortou Max.
- Quanta impaciência meu jovem. Na sua idade eu também era assim. E sua mãe também. Isso quase custou nossos pescoços. Me conte primeiro o que aconteceu com ela naquela manhã em Marselha e o que foi feito dela nas duas últimas décadas.
O jovem iniciou sua narrativa, cada palavra acompanhada de uma visível alteração na expressão do frade, que ora ou outra interrompia a história com perguntas.
Mas o que ambos não sabiam é que um par de olhos verdes os observava com cuidado. Não os olhos convidativos de uma moça. Eram olhos de um homem de meia idade, o rosto marcado por rugas e o corpo, por cicatrizes. Seus dedos grossos fiavam o bigode opulento enquanto ele perguntava sobre o que ambos tanto conversavam. Ele havia seguido o mais jovem desde cedo, quando este saíra de casa.
Seu nome era Leonardo.
Boa. Acho que é bom fazer o que o MT e o El fizeram: colocar títulos, é bom pra gente ter uma referência. Depois que o andamento da história estiver lá na frente vai ficar difícil saber como anda se não tiver título nas partes.
ResponderExcluirauehueahueahueahuheauhuea
Eu tenho que ficar voltando no Prólogo toda hora pra relembrar quem é quem.
Acho uma boa ideia também mudar a nossa ordem de postagem depois que esse conto estiver finalizado.
ResponderExcluirO que acham?
concordo
ResponderExcluira idéia era essa msmo
sortear tdo denovo!
Muito bacana! uma história que merece ser terminada!
ResponderExcluirMix
rs o conto passa do prólogo pra parte 2...
ResponderExcluirCadê a parte 1 ? Ai meu deus !!!
Particularmente gostei muito do nome, mas ouvir novas sugestões é sempre sensato.
Aliás, uma sugestão é ´´dojeitoqueeleconta`` rsrsrs...
ResponderExcluirCadê o Fox pra dar prosseguimento? Stol ansioso.
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